Tudo começou, como era de se esperar, no Twitter do executivo. Na sexta-feira (25), Musk disse que criaria o seu próprio celular caso a Apple e o Google retirem o app da rede social das lojas de aplicativos por problemas de moderação. Mas a história não terminou por aí. Na segunda-feira (28), Musk usou a rede social para dizer que a Apple “praticamente” parou de anunciar no Twitter. “Eles odeiam a liberdade de expressão na América?”, questionou. “O que está acontecendo, Tim Cook?” Bem, Tim Cook não respondeu – pelo menos não na rede social. Os usuários, por outro lado, brincaram, dizendo “obrigado pelo seu feedback, agora pague 30%”, em alusão à taxa da App Store e aos tweets do executivo para confrontar as críticas à rede social. Mas há um porém nessa história: Musk não pode sair brigando assim com a Apple, senão perde (muito) dinheiro.
Apple é uma das maiores anunciantes do Twitter
A Apple é uma das maiores fabricantes de celulares do mundo. Segundo a Counterpoint Research, a empresa foi a única do mercado de telefones móveis a crescer no terceiro trimestre de 2022. Além disso, é uma das três principais marcas do setor, ao lado da Samsung e da Xiaomi, que usam Android. Mas este não é o único fator que dá peso à empresa nessa história. De acordo com a Bloomberg, a Apple gasta US$ 100 milhões por ano com suas campanhas no Twitter. Esta quantia coloca a companhia entre os principais anunciantes da plataforma. Esta redução pode resultar em um baque significativo para a plataforma. No balanço financeiro do segundo trimestre de 2022, o Twitter ressaltou que ganhou US$ 1,08 bilhão de receita com publicidade e US$ 101 milhões com assinaturas e afins. Ou seja, não é uma boa ideia brincar com quem paga as contas da plataforma. A Apple não comentou sobre o episódio até o momento.
Musk não cumpriu a sua palavra com os anunciantes
Este episódio traz uma certa contradição aos primeiros momentos da venda do Twitter. No fim de outubro, ao tranquilizar anunciantes, Musk chegou a afirmar que a rede social não poderia se tornar “um lugar infernal, onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências”. No entanto, o bilionário criou toda uma confusão em cima do selo de verificação, resultando em catástrofes. É o caso da Eli Lily. Um perfil falso com o selo azul do Twitter Blue disse que a insulina seria gratuita, o que derrubou as ações da farmacêutica. Como reação, conforme reportado pelo Washington Post, a companhia mandou cortar toda a verba de publicidade destinada à plataforma. Outras companhias enfrentaram dores de cabeça com o selo azul. No mundo dos jogos, teve até um tweet do Mario mandando do meio em uma conta falsa da Nintendo, que trazia a verificação do Twitter Blue. E… bem, como tudo que vai, volta, fizeram o mesmo com a Tesla e SpaceX. Obviamente, isto cria um ambiente complexo, para não dizer hostil, às marcas. Afinal, se o selo azul foi usado desde sempre para verificar a autenticidade dos perfis, esta alteração cria exatamente o que Musk disse que evitaria: um lugar infernal. Especialmente quando qualquer coisa está sendo dita sem consequências, ao contrário do que foi prometido anteriormente. Enquanto isso, o executivo sai criando polêmicas todos os dias. E a pergunta que fica é: o que será do Twitter?