Ex-funcionário denuncia o Twitter por omitir dados sobre bots; Musk ironizaGoverno dos EUA proíbe venda de produtos da Huawei, ZTE e outras

Ahmad Abouammo, de 45 anos, passou quase dois anos, entre 2013 e 2015, trabalhando para o Twitter como gerente de parcerias de mídia para a região do Oriente Médio e norte da África. A partir de 2014, ele passou a receber pagamentos do governo da Arábia Saudita para repassar informações pessoais de usuários contrários ao regime, incluindo as de uma pessoa “influente” e crítica à família real do país. Entre viagens ao Líbano e encontros com representantes do governo árabe em Londres, no Reino Unido, o ex-funcionário também teria recebido US$ 200 mil, cerca de R$ 1 milhão, além de um relógio de luxo com valor estimado em US$ 42 mil, ou aproximadamente R$ 223 mil em conversão direta. Os depósitos foram feitos em uma conta no nome do pai de Abouammo, enquanto o presente foi dado em um encontro presencial com um representante da família real saudita, e posteriormente vendido. De acordo com uma investigação do FBI, o dinheiro foi lavado em pequenas transferências realizadas para contas em bancos dos Estados Unidos. Em 2018, o acusado chegou a ser intimado a depor pelas autoridades do país e mentiu sobre os pagamentos, chegando a falsificar documentos para ocultar a origem dos valores recebidos, um fator que também pesou sobre sua condenação e o levou à prisão no ano seguinte, na cidade norte-americana de Seattle. Ainda, segundo o Departamento de Justiça, Abouammo não cumpriu normas federais que obrigam indivíduos que trabalham para governos estrangeiros a informarem o caráter dessas associações ao Departamento de Defesa dos EUA. Após ser considerado culpado em agosto deste ano, ele recebeu a sentença na última quarta-feira (14), com o juiz responsável pelo caso apontando a gravidade de seus atos, que podem ter levado a ameaças contra os dissidentes cuja privacidade foi invadida. Além dos três anos e meio de prisão, o indivíduo foi condenado a mais três anos de liberdade condicional, após o cumprimento da pena para a qual deve se apresentar no dia 31 de março. Abouammo também foi condenado a devolver US$ 242 mil, relativos aos valores recebidos do governo saudita durante o período em que passou as informações a eles. Um segundo indivíduo, Ali Alzabarah, também é acusado de repassar informações internas de usuários do Twitter para a Arábia Saudita. Ele, entretanto, fugiu dos EUA em 2015 e segue como procurado pelo FBI para depor sobre o caso, que veio à tona após declarações do ex-chefe de segurança da rede social, Peiter Zatko, sobre as relações da plataforma com governos estrangeiros e a possibilidade de espionagem interna contra membros proeminentes da comunidade. Fonte: Departamento de Justiça dos EUA