Parece contraditório, não? Se uma notícia foi identificada como ilegítima ou tem fortes indícios de trazer informações inconsistentes, é razoável que a rede social coloque um sinal de alerta ali, afinal, a contestação geralmente vem de uma ou mais agências de verificação de fatos. Mas o Facebook percebeu que a sinalização de fake news não estava surtindo o efeito esperado. Primeiro porque, em muitos casos, o alerta visual só aparecia tardiamente, quando a notícia falsa já havia sido compartilhada por milhares de usuários. Segundo porque o Facebook constatou que notícias sinalizadas como falsas nem sempre deixavam de ser compartilhadas. Muitas vezes acontecia o contrário: o conteúdo passava a ser divulgado com mais intensidade.
É uma constatação surpreendente, mas de fácil compreensão: o sinal de alerta para fake news fazia os usuários prestarem mais atenção na notícia, como um chamariz. Além disso, muitos deles compartilhavam a notícia sinalizada como falsa porque não compreendiam o alerta ou simplesmente para reforçar o seu posicionamento acerca do assunto, como se o alerta estivesse ali, na verdade, para tentar mudar a opinião da pessoa. No lugar dos alertas, a rede social passará a destacar links relacionados juntos às notícias compartilhadas que levam a publicações que, por serem checadas, automaticamente contestam o conteúdo falso. Nos testes, o Facebook notou que o sistema de links relacionados é mais eficaz na tarefa de evitar que os usuários disseminem fake news. Novamente, não é difícil entender: qual o sentido de compartilhar uma notícia que é contestada com links checados logo abaixo? Caso o usuário compartilhe uma notícia antes de esta ser classificada como falsa, o Facebook enviará a ele, depois da filtragem, uma notificação a respeito da procedência duvidosa daquele conteúdo.
Essas não são as únicas medidas, é claro. O Facebook promete continuar trabalhando junto a agências de verificação de notícias e implementando tecnologias para combater o problema. Faz parte desses esforços tentar compreender o que leva uma pessoa a definir uma informação como precisa ou não em função da fonte do conteúdo. O estudo sobre esse comportamento não deve afetar o feed de notícias, pelo menos no curto prazo. O objetivo, de acordo com o próprio Facebook, é ter mais um meio de medir se as iniciativas para melhorar a qualidade da informação na rede social estão trazendo os resultados esperados.