Chrome 100 e Firefox 100 podem quebrar diversos sites, alerta MozillaComo reiniciar o Google Chrome sem perder as guias abertas
Ainda que nas entrelinhas, essas questões foram abordadas recentemente pela Wired. O veículo destaca que, hoje, o Firefox tem menos de 4% do mercado — em celulares, essa proporção é de 0,5%. No final de 2008, porém, o navegador da Mozilla tinha uma participação de 20%. A perda de usuários é tão expressiva que, Selena Deckelmann, vice-presidente sênior do Firefox, não hesitou em reconhecer o problema: “nos últimos dois anos, o que nós temos visto é um achatamento muito substancial”. Ela se refere ao período entre o início de 2019 e este começo de 2022, que mostra o navegador perdendo cerca de 30 milhões de usuários ativos. É difícil não se impressionar com esses números, afinal, o Firefox não é um projeto feito no improviso ou atualizado com uma frequência irregular. Pelo contrário: a Mozilla lança novas versões do navegador regularmente e está sempre aprimorando ou implementando funções. Os recursos de privacidade, a integração com o Pocket (comprado pela Mozilla em 2017) e o gerenciador nativo de senhas são exemplos de atributos que mostram que, do ponto de vista funcional, o Firefox pouco ou nada deve aos navegadores rivais.
Por que o Firefox perde usuários?
Sem um estudo minucioso, é difícil apontar uma causa com segurança, mas é possível perceber alguns fatores que colaboram enormemente para essa situação. Um exemplo é a questão do desempenho: há quem considere o Firefox mais lento que os navegadores rivais, apesar dos esforços da Mozilla para otimizá-lo. Mas o principal complicador, provavelmente, é o fato de os browsers concorrentes conseguirem ser mais atraentes ou estarem disponíveis para o usuário mais facilmente. É o caso do líder Chrome, que detém cerca de 65% do mercado. O navegador é distribuído em celulares e tablets Android e, por funcionar bem, a maioria dos usuários dessa plataforma não sente necessidade de procurar outra opção. Para completar, o Chrome é popular no Windows há anos — a ampla integração do navegador com os serviços do Google contribui para essa popularidade ser mantida. Se olharmos para o ecossistema da Apple, a situação do Firefox é ainda mais desconfortável: o Safari é, de longe, o navegador preferido dos usuários de iOS e macOS.
O futuro do Firefox
À Wired, um ex-funcionário da Mozilla que não quis se identificar declarou: “o Chrome venceu a guerra dos navegadores no desktop”. Outro ex-funcionário, também em condição de anonimato, disse: “eles [a Mozilla] vão ter que aceitar a realidade de que o Firefox não vai ressurgir das cinzas”. Essas afirmações, combinadas com o encolhimento da base de usuários do navegador, alimentam as incertezas sobre o futuro do Firefox. A boa notícia é que, apesar do cenário perturbador, o navegador da Mozilla ainda tem condições de brigar — se não pela liderança (que já pode ser considerada uma missão impossível), por uma boa fatia do mercado. Mas como? Bart Willemsen, do Gartner, diz que os usuários perdidos dificilmente voltam, a não ser que exista um bom motivo. O desafio, então, é encontrar esse motivo. Para Deckelmann, tornar o Firefox mais personalizável é fundamental para isso. Esse movimento já começou, na verdade. Vide a reformulação da página inicial do navegador aplicada no ano passado ou o redesenho da versão para Android, em 2020. Mas, para a executiva, mais esforços devem surgir para tornar o Firefox ainda mais personalizável. Parece pouco, na verdade. De todo modo, ainda há esperança. Apesar da debandada de usuários, o Firefox continua bem vivo. Cabe à Mozilla buscar formas de manter a relevância do projeto enquanto houver tempo. Seria ruim assistir ao Firefox se transformando em mais um projeto baseado no Chromium ou, pior, sendo descontinuado de vez.