Apple volta a fabricar iPhone X após reduzir produção do iPhone XSPor que o gás hélio faz iPhones pararem de funcionar?
Interesse no mundo atingiu picos com iPhone 5 e 6/6 Plus
O Google Trends mede o interesse de pesquisa por um determinado termo, como “iPhone”, em relação a seu pico histórico de popularidade. O ponto mais alto no gráfico tem o valor 100, e os outros pontos são calculados com base nele. Por exemplo, o valor 50 indica que o termo teve metade da popularidade em relação ao pico histórico. A ferramenta é aberta para todos os usuários; acesse-a aqui. Como nota a Bloomberg, a linha de interesse por “iPhone” no mundo inteiro atinge um pico em setembro de 2012. Isso coincide com o lançamento do iPhone 5, anunciado cerca de um ano após a morte de Steve Jobs. Ele veio com uma tela de 4 polegadas, maior que de seus antecessores (de 3,5 polegadas); e foi o primeiro a adotar o conector Lightning. Também tivemos um pico bastante alto em setembro de 2014. Foi outro momento de mudança para a Apple: ela finalmente adotou telas grandes e lançou o iPhone 6 e 6 Plus com telas de 4,7 e 5,5 polegadas, respectivamente. Essa também foi a época do “bendgate”: algumas unidades dos aparelhos entortavam com facilidade. Desde então, os picos foram sempre mais baixos.
A linha do Google Trends segue basicamente a mesma trajetória se restringimos os dados para os EUA. O mesmo vale para outros países desenvolvidos como Alemanha, França, Reino Unido, Canadá e Austrália.
Interesse por iPhone no Brasil aumentou na crise
No Brasil, o comportamento de buscas no Google é bem diferente. O interesse aumentou constantemente por muitos anos e atingiu diversos picos recentemente: no final de 2014 (iPhone 6 e 6 Plus), final de 2016 (iPhone 7 e 7 Plus) e final de 2017 (iPhone X, iPhone 8 e 8 Plus). Além disso, o Google estima que tivemos outro pico agora em novembro usando dados parciais. A Apple lançou o iPhone XR, XS e XS Max este mês no Brasil; os preços começam em R$ 5.199. Por que o iPhone está atraindo maior interesse no Brasil que no restante do mundo? Será que todo mundo está curioso por causa dos preços altos? Ou as pessoas querem comprá-lo por causa dos preços altos?
Venda de smartphones caros cresceu no Brasil
Eu tenho um palpite. Acompanhe o raciocínio: o Brasil entrou em uma crise econômica em 2014, com quedas no PIB (Produto Interno Bruto) a cada trimestre, chegando a seu pior nível no final de 2016. Só conseguimos sair da recessão técnica em 2017, mas ainda levaremos alguns anos para reverter as perdas desse período. No entanto, a venda de smartphones de “luxo” — isto é, acima de R$ 3 mil — não parou de crescer. Segundo a consultoria IDC, o volume foi de 490 mil unidades no primeiro trimestre de 2016, mais que o dobro se comparado ao mesmo período do ano anterior. Computadores caros também tiveram um bom aumento nas vendas. Alguns fatores ajudam a explicar isso. Os clientes de alta renda não são afetados pela crise e continuam pagando caro por smartphones. E quem não é rico paga parcelado e consegue adquirir — e mostrar para os outros — um celular mais caro. “Quem compra um smartphone premium quer colocar o aparelho em cima da mesa no bar com os amigos para mostrar como é diferenciado”, explicou Renato Citrini, gerente de produtos da Samsung, ao Estadão. Não se trata apenas de status: algumas pessoas querem um smartphone que dure mais tempo e estão dispostas a pagar mais por isso. O iPhone recebe atualizações da Apple por cerca de cinco anos, então mesmo modelos antigos podem ser interessantes. É algo que notamos no Google Trends: o interesse pelo iPhone 7 é mais alto que de modelos mais recentes no Brasil, considerando as buscas dos últimos 12 meses.
O volume de buscas no Google não se reflete necessariamente em vendas. Por exemplo, o interesse por “iPhone” diminuiu no mundo inteiro, mas a Apple vende muito mais iPhones hoje (217 milhões estimados para 2018) que no pico de popularidade em 2012 (125 milhões no ano). E como lembra o Cult of Mac, os consumidores podem obter informações por meios que o Google não consegue medir — pelo Facebook, por exemplo. No entanto, os dados do Google Trends mostram como o interesse pelo iPhone vem evoluindo de forma diferente no Brasil e em países mais ricos. Parece ser um efeito da nossa crise econômica em vários sentidos: há quem esteja disposto a pagar preços mais altos, que a Apple cobra para compensar a desaceleração no volume de vendas; e há quem procure um celular que dure mais tempo recorrendo a modelos anteriores.