China começa a abandonar estratégia da “covid zero"“Covid zero” pode isolar a China do mundo durante anos no pós-pandemia
Para entender o atual momento da China, é preciso lembrar que, desde os primeiros casos da covid-19 relatados no final de 2019, o país tem adotado severas medidas de restrição. Por exemplo, os isolamentos, em casos de pacientes infectados, ocorriam obrigatoriamente em instalações do próprio governo. Além disso, lockdowns severos e testagens em massa foram adotados em muitas ocasiões. Em consequência desse prolongado período de restrições, protestos populares explodiram na China, enquanto o país já enfrentava o atual surto. Como consequência, algumas medidas foram flexibilizadas, como as regras de isolamento de pacientes com casos leves e de contatos próximos. Agora, o número de novas infecções continua a subir e impacta o atendimento em hospitais. A quantidade de mortes é desconhecida.
Explosão de casos da covid-19 na China durante o inverno
Segundo modelos matemáticos, no pior cenário, a atual onda da covid-19 pode infectar até 60% da população chinesa durante o inverno, conforme comenta Xi Chen, professor associado da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Se a previsão se confirmar, cerca de 800 milhões de pessoas poderiam ficar doentes nos próximos meses. Independente da porcentagem exata da população que será infectada, “esse aumento [de casos] vai acontecer muito rápido, infelizmente. Isso será o pior”, afirma o epidemiologista Ben Cowling, que está na Universidade de Hong Kong, para a agência de notícias NPR. “Se fosse mais lento, a China teria tempo para se preparar, mas é muito rápido. Em Pequim, já são relatados muitos casos e, em outras grandes cidades, também. [A covid-19] está se espalhando muito rápido”, acrescenta Cowling.
Colapso do sistema de saúde na China
Nesta segunda-feira (19), o epidemiologista Eric Feigl Ding, da Escola de Medicina Harvard, compartilhou vídeos da situação de um hospital na China que atende pacientes da covid-19. Nas imagens do sistema de saúde em colapso, é possível ver paciente “empilhados”, enquanto dependem de ventilação mecânica. Algumas macas com pacientes são mantidas no chão por falta de espaço. “Hospitais completamente sobrecarregados na China desde que as restrições foram reduzidas”, comenta Ding sobre o vídeo no Twitter. “Mortes prováveis na casa dos milhões — no plural. Este é apenas o começo”, completa. Segundo a agência de notícias Reuters, a última atualização de mortes em decorrência da covid-19 foi divulgada no dia 3 de dezembro, sendo que a última morte oficial ocorreu na penúltima semana de novembro. Desde então, não é possível estimar o quanto o atual colapso de alguns hospitais afeta a situação da pandemia no país. Fonte: Agência Brasil e NPR