Se você faz uma pergunta para a Cortana, por exemplo, percebe que, muitas vezes, a assistente demora alguns instantes para responder. Não costuma ser nada que incomode, porém. Mas, dependendo da aplicação, respostas em tempo real são importantíssimas. É o caso de um sistema de combate a fraudes em transações comerciais, por exemplo.
O que o Project Brainwave faz, basicamente, é oferecer uma infraestrutura para sistemas de inteligência artificial e aprendizagem de máquina baseada na geração mais recente de chips FPGA (Field Programmable Gate Array) da Intel. Fica fácil entender os chips FPGA se você pensar neles como unidades que podem ser programadas depois da fabricação, não durante. Com isso, os desenvolvedores conseguem programar ou reprogramar os circuitos dos chips para que estes atuem em funções muito específicas e mais otimizadas ao software, permitindo que as aplicações sejam mais eficientes. Não é um território inexplorado pela Microsoft. A companhia emprega chips FPGA em serviços como Bing e Skype há alguns anos por iniciativa do engenheiro Doug Burger que, em 2010, apresentou a ideia ao então CEO Steve Ballmer. Burger também está entre os responsáveis pelo Brainwave. A proposta é usar a infraestrutura formada por chips FPGA para tornar o Azure muito mais rápido para qualquer cliente. Assim, se aquele sistema que combate fraudes for baseado na plataforma da Microsoft, atividades suspeitas poderão ser detectadas imediatamente e mitigadas antes de sua efetivação.
“Nós projetamos o sistema para inteligência artificial em tempo real, o que significa que a plataforma processa pedidos tão rápido quanto os recebe, com latência ultrabaixa”, explica Burger. Ainda não há prazo para o Brainwave se tornar amplamente disponível para os clientes da plataforma Azure, mas a Microsoft afirma já estar trabalhando para isso. Só para dar um exemplo dos esforços em andamento, o Brainwave já tem suporte ao Microsoft Cognitive Toolkit e ao Google TensorFlow, mas o plano é deixá-lo compatível com mais sistemas de aprendizagem de máquina. Durante o Hot Chips 2017, a companhia deu uma ideia do que está por vir: um sistema de aprendizagem profunda baseado no Brainwave e formado por uma combinação de chips FPGA Stratix 10 TX, da Intel, obteve desempenho de 39,5 teraflops ao executar cada pedido em menos de um milésimo de segundo.