Equipamento sensível à luz pode ajudar no tratamento do lúpusO que são doenças crônicas, autoimunes e infecciosas?
No recém-lançado documentário Minha Mente & Eu, disponível na Apple TV+, Selena detalha momentos do tratamento contra o lúpus, doença diagnosticada pela primeira vez em 2015. Entre os registros, é possível acompanhar um dos picos de dor que a cantora e atriz enfrentou em meados de 2020 e ainda presenciar as sessões de tratamento, que duram mais de 4 horas, onde recebe um medicamento intravenoso chamado Rituxan.
Vale lembrar que, ainda em 2017, Selena precisou passar por um transplante de rim devido à doença (insuficiência renal). Na época, a cantora postou fotos do pós-operatório no Instagram e, mais uma vez, atuou pela conscientização desta doença autoimune que pode ser mortal, quando não é tratada. O fato da bandeira ser levantada especialmente por mulheres não é mera coincidência. Embora o lúpus possa afetar qualquer indivíduo, o risco é maior em mulheres durante a idade fértil, entre 15 a 44 anos. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, as estimativas variam de 4 a 12 mulheres para cada um homem diagnosticado. Para além do mundo das celebridades, o lúpus é um desafio para milhares de brasileiras e alguns brasileiros. A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) estima que cerca de 65 mil pessoas convivam com a doença no país, independente de conheceram (ou não) o diagnóstico.
Tipos de lúpus
“Lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro”, explica o Ministério da Saúde, em artigo. Dependendo da evolução da doença e da falta de tratamento adequado, a condição pode ser fatal. Vale lembrar que, por doença autoimune, estamos falando de uma condição que faz com que o sistema imunológico do indivíduo, através dos glóbulos brancos, ataque os tecidos saudáveis do próprio corpo. Com isso, o paciente enfrenta um quadro de inflamação generalizada e os tecidos afetados podem sofrer com graves danos — as complicações são específicas e dependem da região autoatacada. Hoje, a ciência ainda não sabe qual é a origem do lúpus, mas os quadros agudos tendem a envolver predisposição genética, impacto de fatores ambientais, questões hormonais ou uso de alguns medicamentos.
Estes são os 4 tipos de lúpus
Dentro do que é conhecido como lúpus, existem quatro principais tipos, conforme detalha CDC:
1. Lúpus sistêmico
Oficialmente conhecido como Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), o lúpus sistêmico é a forma mais comum e também a potencialmente mais grave da doença. Isso porque a inflamação é generalizada e afeta todo o organismo da pessoa, podendo comprometer órgãos, como rins, coração, pulmões, o sangue e as articulações.
2. Lúpus discoide ou cutâneo
Como o próprio nome diz, o lúpus discoide ou cutâneo é o tipo que afeta apenas a pele, e é identificado por erupções cutâneas ou lesões avermelhadas. Não existe um local específico para surgir, mas tende a ocorrer onde a pele é exposta à luz solar. É mais comum no rosto, na nuca e no couro cabeludo.
3. Lúpus induzido por medicamentos
Semelhante ao LES, o lúpus induzido por medicamentos é a consequência de uma reação exagerada do corpo a certas medicações. O período de exposição a uma medicação costuma ser de pelo menos 30 dias. Normalmente, a condição desaparece quando o uso do remédio é interrompido.
4. Lúpus neonatal
Por fim, o lúpus neonatal ocorre em bebês que adquirem, de forma passiva, os autoanticorpos de uma mãe com LES, o que é bastante raro. Os problemas de pele, fígado e sangue costumam desaparecer em até 6 meses. Em caso de bloqueio cardíaco congênito, pode ser necessário o uso de marcapasso.
Quais os sintomas do lúpus?
O lúpus é uma doença diversa e, quando pensamos no LES, cada órgão afetado pode desencadear diferentes reações no corpo. Outro fator fundamental é entender qual a intensidade da doença, moderada ou grave, e o tempo de convívio com a condição, temporário ou permanente. De forma mais genérica, estes são os principais sintomas relatados por pessoas com lúpus:
Fadiga;Febre baixa;Dor nas articulações;Perda de peso;Rigidez muscular e inchaços;Vermelhidão nas maçãs do rosto (bochechas) e na ponta do nariz, em formato de borboleta. É conhecido como rash cutâneo e piora com exposição à luz solar;Lesões na pele e feridas na boca;Dificuldades para respirar;Dor de cabeça, confusão mental e perda de memória;Linfonodos (ínguas) aumentados;Queda de cabelo;Ansiedade e mal-estar generalizado.
Como mencionado, outros sintomas podem aparecer quando a doença afeta órgãos e regiões específicas. No caso do sistema nervoso, dor de cabeça, convulsões, problemas de visão e alterações de personalidade podem ser relatados, por exemplo.
Como é feito o diagnóstico?
Para chegar ao diagnóstico de lúpus, é preciso observar um conjunto de variáveis, incluindo os sintomas relatados pelo paciente. O médico responsável também pode analisar resultados de exames de sangue e de urina. “Embora não exista um exame que seja exclusivo do LES (100% específico), a presença do exame chamado FAN (fator ou anticorpo antinuclear), principalmente com títulos elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas característicos de LES, permite o diagnóstico com muita certeza”, afirma a SBD. Além disso, outros testes laboratoriais que envolvem amostras de sangue, como os anticorpos anti-Sm e anti-DNA, também podem ajudar nesta tarefa, embora sejam menos abrangentes.
Qual o tratamento para lúpus? Há cura?
“A medicina e a ciência ainda não encontraram uma cura para Lúpus, no entanto, o prognóstico, ou seja, o tratamento paliativo, quando aplicado de forma adequada, pode controlar e até fazer desaparecer os sintomas da doença”, afirma o Ministério da Saúde. De forma geral, o CDC explica que o tratamento para a LES é feito com medicamentos imunossupressoras, o que impede o sistema imunológico de atacar o próprio corpo do paciente. Hidroxicloroquina e corticosteroides também podem ser prescritos. É importante destacar que cada tratamento é individualizado, já que depende dos sintomas e do tipo de lúpus apresentado pelo paciente. Por isso, o acompanhamento com médico reumatologista é fundamental para garantir o bem-estar do indivíduo. No Brasil, tratamentos são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também pelo sistema privado de saúde. Fonte: Ministério da Saúde, CDC e Sociedade Brasileira de Reumatologia