Novo método de reciclagem promete dar vida nova a baterias de íons de lítioNova técnica transforma máscaras descartáveis em cabos de internet banda larga

Resíduos de equipamentos eletrônicos, como os chips usados em smartphones, são enviados para aterros sanitários pois a separação e extração dos componentes recicláveis requer muita energia e produtos químicos agressivos, prejudicando sua viabilidade econômica. “Nossa abordagem visa reduzir o desperdício já existente em nossas comunidades e torná-lo um recurso valioso para novos catalisadores, diminuindo também nossa dependência de práticas de mineração prejudiciais ao meio ambiente”, explica o professor de química James Wilton-Ely, autor principal do estudo.

Ouro reciclado

O sistema criado pelos cientistas consegue extrair metais valiosos de lixo eletrônico, como placas de circuito impresso, cartões SIM e cartuchos de impressoras. Esse processo envolve etapas seletivas de lixiviação sustentável, recuperando materiais como níquel, cobre, prata e, finalmente, ouro. No entanto, o ouro obtido a partir desse processo faz parte de um composto molecular que não pode ser reaproveitado em equipamentos eletrônicos, abrindo espaço para sua utilização como um catalisador eficiente na fabricação de produtos farmacêuticos. “Nós testamos o composto de ouro em uma série de reações comumente usadas na produção de remédios como anti-inflamatórios e analgésicos. Após vários experimentos, descobrimos que o ouro teve um desempenho tão bom ou melhor do que os catalisadores comuns, além de ser totalmente reutilizável”, acrescenta a professora Angela Serpe, coautora da pesquisa.

Além do ouro

Segundo os pesquisadores, a recuperação do ouro presente no lixo eletrônico possibilita também o reaproveitamento de outros materiais envolvidos no processo, como cobre e níquel, que podem ser separados e reciclados, assim como o plástico e outros componentes valiosos. A ideia é estender esse processo de reciclagem para reutilização de minerais ainda mais caros que o ouro, como o paládio usado em conversores catalíticos automotivos, ou partes eletrônicas contidas em computadores descartados sem qualquer tipo de reaproveitamento em aterros sanitários. “Em peso, um computador contém muito mais metais preciosos do que o minério extraído, fornecendo uma fonte concentrada desses materiais em uma espécie de mina urbana sustentável, que poderia evitar a exploração de matérias-primas virgens no meio ambiente”, encerra a professora Angela Serpe. Fonte: Imperial College London